quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Xenofobia e a Saga Jishu

Imagem pertence a http://carlosnojapao.blogspot.com.br/




Um dos muitos temas polêmicos da Saga Jishu é o preconceito contra imigrantes no Japão. Talvez, um pouco ácida, mas com muito cuidado, eu induzi diversas cenas em que a estrangeira Audrey Morgan recebe indiretas e ironias por sua nacionalidade.


Audrey é americana. Foi educada em japonês por uma freira, e fala a língua nipônica com fluência. Ela também é bastante inteirada com a tradição do país, e tenta não entrar em conflito com algumas regras. Mas, suas tentativas de se “enturmar” com alguns personagens se tornam fracassadas simplesmente por ela não ter olhos puxados.


A primeira cena em que é menosprezada por ser estrangeira acontece no livro Rendição. Ao conhecer Shun Ninomura, a mulher recebe um tratamento frio. Ele diz, num murmuro, o “gaijin” que tanto o incomoda.


Em Redenção e Remissão, Sayuri usa o fato para atacá-la. Yuuky Sakamoto não fica atrás. Mas, com certeza é com o porteiro Yatsu Kanako que finalmente a indução de desprezo fica claro. No trecho em que ele lhe admira as formas, pensa e crê que ela facilmente lhe concederia favores especiais e sexuais simplesmente por não ser japonesa.


“Kanako sempre a observava, demorando seus olhos sobre aquele corpo de deusa. Tinha uma namorada, mas a garota em questão era um nada perto do corpo escultural de Morgan... E, além disso, o rapaz mantinha uma esperança acessa: bem sabia que as estrangeiras não tinham vergonha e eram imorais. Tinha certeza que, caso tentasse, levaria a mulher facilmente para a cama.”



Existe uma ilusão entre brasileiros fãs de anime ou de bandas japonesas de que a vida no Japão é cor-de-rosa, linda e perfeita. Todavia, assim como no Brasil, a vida no Japão é feita de momentos maravilhosos e ruins. E no Japão, assim como no Brasil, nem todas as leis funcionam ou existem. A lei contra a xenofobia no Japão não existe, por exemplo. E disso até a própria ONU já reclamou.



Relatos sobre preconceito contra estrangeiros pipocam na internet, como AQUI. De fato, muitas amigas japonesas que tenho são incrivelmente maravilhosas, e muitas outras amigas que foram passear por lá trouxeram relatos lindos de amor e respeito. Porém, ser escritor é provocar, é causar dor, dar raiva. Ora, sempre digo isso: Para que merda eu seria autora se fosse para escrever a mesma droga de todo mundo? Não, eu quero mesmo é mexer nos brios, causar exaltação, talvez até polêmica. Então, nada mais justo que falar de coisas que incomodam, e a xenofobia é uma delas.


Se você gosta de histórias melosas e cheias de açúcar, fuja dos meus textos. 

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